sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Meu primeiro abraço quente


Não faz nem dez minutos, estava eu sob o chuveiro e sobre o tapete de borracha quadriculado e encardido de banheiro. Sem motivo veio a minha cabeça automaticamente, talvéz a minha primeira lembrança de um tapete de borracha quadriculado e encardido de banheiro me causando marcas embaixo dos pés;

Era inverno e eu me tremia inteirinho no chuveiro da casa da minha vó lá no Partenon naquela fria noite de julho de 2001, porém o frio e o tapetinho não diminuiam em nada a felicidade que eu sentia. Tinha vindo de talvéz a melhor e mais épica tarde da minha vida até aquele momento e talvéz até hoje.

Melhor que meu primeiro beijo, minha primeiro transa, a primeira vez que joguei videogame, o dia em que meu time foi campeão do Mundo, o dia que conheci Florianopolis, enfim...


Eu estudava na Escola Nossa Senhora do Brasil desde a 1ª serie, e estava na 6ª serie, era o ano que me despedia dos amigos, pois em 2002 viria morar onde moro hoje. Todos ficariam e só eu estava saindo, era o clima de fim de festa no meio dos outros que continuariam suas vidas normalmente até a 8ª.

Como todo inverno no Nossa Senhora, ocorriam os 'Jogos de Inverno'
Em 2000 tinhamos vencido os Jogos de Inverno (leia-se somente Futsal) com "épicas" atuações minhas nos 4 jogos, a medalha de ouro e as colegas todas gritando nossos nomes nas arquibancadas do ginásio de esportes. Eu não pensava em mais nada desde março de 2001, à não ser vencer mais uma vez o torneio e ir embora bi-campeão (lembrei dessa história também quando conheci o Mazembe).

Os principais adversário era a turma 62, vice-campeões do ano passado, porém na semi-final veio um trágico 2x0 que nos tirou da final, e assim como nós a 62 perdeu também.
Quis o destino que o ultimo jogo da minha vida no ginásio de esportes do Nossa Senhora do Brasil fosse contra eles, e mais: o time do Lucas.

Ele gostava da Marcelle e a Marcelle gostava dele.
Como que ela gostava dele se ele era de outra turma? Não tem lógica!
Eu morria de ciúmes e queria fazer de tudo pra ela me notasse apenas uma vez antes de nunca mais à ver.

Com coragem tirada de onde eu nunca mais achei, pedi dinheiro dois dias antes pra comprar uma camiseta toda branca da lojinha da praça. Escrevi em letras grandes e bonitas (sempre tive letra bonita e não sou gay) o nome dela: 'Marcelle'.

Nunca fui de jogar bem, era um mero coadjuvante no time do Matheus, Leonardo, Anderson, e o Pedro. E nunca vou conseguir explicar como fiz aquilo. Três gols. 3x0. E a coragem de mostrar o nome dela na camisa só veio no terceiro gol!

Eu e ela nunca fomos próximos, mas eu nunca vou esquecer o abraço quente que eu recebi aos 11 anos de uma das gurias mais lindas que eu já conheci. Cabelinho escuro, pele branquinha, olho claro, batom rosa e buchecha maquiada, o abraço de quem nunca tinha feito algo assim pra ela. Ficamos amigos até dezembro e ela continuo gostando do Lucas. Eu guardei aquela camiseta com uma manchinha do baton rosa dela no ombro, de quando baixou a cabeça e encostou em mim.

Desde então nunca mais a vi, mas me lembro como se fosse hoje, em cada vez que piso em um
tapete de borracha quadriculado e encardido de banheiro.

Um comentário:

  1. Ai que lindo...
    isso mostra que esse gaúcho macho ai tb tem sentimentos... (e não é gay rsr)
    linda historia amigo...

    tenho saudades dos seus textos bem sacados... não demora muito não tah? rsrsr

    otimo fim de semana...

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Bóra Chicão!